Parte 1
O problema de
fazer exercícios vigorosos
Não há muito
tempo, passei uma tarde em uma academia na zona oeste de Los Angeles.
Embora, fosse durante horário de trabalho, o local estava cheio de
homens e mulheres, na maioria em seus 20 , 30 anos. Todos os
equipamentos estavam um uso constante. O que eu vi, me assustou.
Nenhuma delas estava se exercitando de uma maneira que não colocasse
algum perigo no seu corpo. Ao passo que se esforçavam para pegar
pesos, eles quase que invariavelmente arqueavam as costas, um erro
absoluto, que vamos explorar mais para a frente. Muitas vezes as
pessoas arremessavam os pesos, um movimento que pode danificar os
discos da coluna, assim como os músculos e ligamentos. E todos eles,
sem exceção, apareciam aceitar sem questão a ideia central do
sagrado mandamento do movimento fitness – se não está
doendo, não está fazendo efeito.
O aliado dessa noção
é o mito de que a repetição de qualquer exercício, aquele que
você esforça o seu abdômen para executar, é aquele que te faz
mais bem. Esse mito, como tantos outros associados à escola do
fitness tortura, é um monte de bobagens. A verdade é que a primeira
repetição de qualquer exercício é, pelo menos, tão benéfico
como o último, e bem menos perigoso. Na 1ª repetição, os seus
músculos estão descansados; na última, eles estão fatigados. O
alimento armazenado vai gastando e os músculos ficam com acúmulos
de ácido lático, a lixo resultante das contrações anteriores.
Adicione a isso a maneira em que os fisicultores (bodybuilders) se esforçam
para fazer essa última repetição, e aí temos uma condição
clássica de sério dano no tecido corporal.
No chão dessa
academia, havia vários homens e mulheres fazendo uma série de
alongamentos supostamente benéficos, meia dúzia dos quais estava
fazendo mais mal do que bem. A poucos passos dali, havia um quadro
demonstrando como fazer os movimentos.
Cada manhã no meu
caminho para o trabalho eu passo pela praia em Santa Monica
(Califórnia), onde muitas pessoas correm (o popular jogging).
Do ponto de vista
ortopédico, a maioria, dos que eu observei, não poderia fazer o
jogging de maneira nenhuma. Para eles, danos sérios, talvez
permanente, seriam inescapáveis.
De acordo com a
minha experiência, 60 a 75% dos corredores vão acabar com problemas
nas costas, cintura, pés e tornozelo, ou uma combinação de dois ou
mais problemas. Um caso, que eu me lembro, foi de um corredor muito
bem condicionado em seus cinquenta anos, que era também um
excepcional atleta, um daqueles que fazem qualquer esporte com
destreza. Sua grande paixão era esquiar, ao ponto que ele havia
programado uma redução gradual na sua carga de exercícios a cada
ano, para que ele pudesse esquiar na Europa, América do Norte e até
mesmo na América do Sul. Quando ele estava financeiramente tranquilo
para realizar esse sonho, ele desenvolveu uma condição tão severa
e dolorosa no joelho – muito provavelmente pela corrida – ao
ponto em que ele não poderia mais esquiar. Infelizmente, até mesmo
os mais avançados procedimentos cirúrgicos, os não conseguiram
restaurar o seu joelho para uma condição próxima do que era antes
que a corrida o tenha arruinado.
O segundo caso
envolvia uma linda mulher, que se aproximava dos cinquenta anos,
magra, de bom corpo, ativa e dinâmica. Quando ela veio até mim
devido a um problema de joelho, pedi a ela que parasse de correr e
dei a ela uma série de exercícios. Mas o dano já estava muito
extenso; seu joelho não respondia. Em visitas subsequentes, ela me
disse que não conseguia mais dançar e subia e descia escadas com
dificuldade.
Se estas duas
pessoas não tivessem se exercitado tão vigorosamente no passado,
eles poderiam ter evitado o problema que possuem hoje. Ambos são
extremamente inteligentes; se eles tivesse recebido o menor aviso,
eles poderiam ter ido mais leve para evitar um problema permanente.
Mas em ambos os casos, o dano é insidioso, oculto. Por um longo
tempo, você não sente nada, nenhuma dor, desconforto. Mas,
gradualmente, as partes do corpo começam a se desgastar até que, de
repente, o movimento fica difícil e doloroso e aí já é tarde
demais para recuperar.
Um dos maiores
problemas com o exercício vigoroso é precisamente esse: você não
está ciente do dano que está criando até que o tenha criado. Ao
contrário, todos os sinais dizem a você que está fazendo um grande
favor a seu corpo. Quando está correndo, por exemplo, você se sente
muito bem. Você se sente animado, sensação que diminui as próprias
sensações feitas para acionar o alarme. Essa sensação de animação
é uma resposta endócrina ao exercício, na qual as glândulas
adrenais aumentam e secretam a substância igual à morfina. Em casos
extremos, alguns corredores inveterados ficam literalmente viciados;
eles se punem e abusam dos seus corpos para se livrarem do vício e
obtêm o efeito que eles não podem conseguir de outra maneira legal.
A série de exercícios é seguida por um tremendo senso de bem-estar
e um aumento de energia. Sua aparência é melhor também, porque as
pessoas que exercitam, brilham.
Não há dúvidas de
que a corrida é benéfica para o sistema cardiovascular. Mas esse
benefício tem de ser ponderado contra a profunda deterioração
muscular e óssea que frequentemente ocasiona.
Há pessoas com
muita sorte que são capazes de correr sem danificar o corpo. Mas
essas pessoas são a minoria. A maioria de nós não vai conseguir.
Você pode ter mais
de 35 anos e aparentemente não ter problemas, mas muitas vezes nem
os raios X conseguem identificar deterioração na parte inferior das
costas ( a famosa dor lombar inferior), nas articulações da
cintura, joelhos e tornozelos.
Eu destaquei a
corrida, por ser um dos mais populares exercícios. Mas os problemas
que vamos discutir se aplicam a qualquer forma de exercício que faz
um stress não natural nas juntas e tecido.
Há muitos
problemas, mas basicamente eles se resumem a apenas dois.
MAIS NA PRÓXIMA
SEMANA.